Recursos Humanos, Gente e Gestão, Departamento Pessoal, Gestão de Pessoas… À primeira vista, pode parecer que essas variações significam a mesma coisa. Porém, cada uma delas carrega um significado próprio. E, mesmo que o contraste seja sutil de uma para outra, é importante saber a diferença entre elas.
Essas variações para o que popularmente conhecemos como “RH” refletem a evolução no entendimento sobre o papel deste departamento dentro das empresas. Com o tempo, novas demandas surgiram, conceitos foram repensados e responsabilidades redistribuídas, o que gerou a necessidade de criar nomes que traduzissem essas mudanças.
Por isso, se você quer entender mais sobre a diferença entre RH, DP, Gestão de Pessoas e Gente e Gestão, basta continuar em nosso artigo. Boa leitura!
Breve história sobre esta área do conhecimento
Como dito anteriormente, o entendimento sobre o que é e o que faz um “RH” mudou ao longo dos anos. Por isso, faz sentido olhar o avanço deste setor historicamente e entender como ele foi criado, como se desenvolveu e como chegou até os dias de hoje. Tudo isso ajudará a entender os motivos de precisar renomear o setor e as diferenças das nomenclaturas RH, DP, Gestão de Pessoas e Gente e Gestão. Acompanhe abaixo a linha do tempo:
O surgimento do Departamento de Pessoal
Coordenar pessoas existiu desde que a humanidade começou a viver em grupos. Seja para caçar, plantar ou batalhar, a necessidade de lidar e liderar um grupo de pessoas é quase que intrínseca à vida em sociedade. Porém, quando falamos de trabalho e da gestão de trabalhadores, focamos no período histórico conhecido como Revolução Industrial.
Neste período, mais exatamente durante o século XIX, tivemos o avanço das indústrias e a mudança da relação de trabalho como manufatura (indivíduo faz artesanalmente todo o produto) para a relação industrial (indivíduo faz uma etapa do produto pois está em uma linha de produção).
É neste contexto que encontramos a fase embrionária do que hoje muitas empresas chamam de Departamento Pessoal. É, inclusive, no ano de 1890 que se tem registro de um setor com o nome de “Departamento de Pessoal”. Aqui, o trabalho era quase que contábil e/ou com a função de caixa registradora.
Isso porque, devido ao grande número de trabalhadores na linha de produção, alguém deveria ficar responsável para fazer os pagamentos de salários, impostos e outras obrigações mais operacionais do dia-a-dia. Muitos chamam esta era de RH 1.0, onde o foco do setor era apenas pagar o trabalhador por seu esforço físico.
A evolução para Recursos Humanos
Já em 1929 tivemos a Grande Depressão, época de recessão que afetou a relação entre empresas e empregados. Isso porque esta crise econômica escancarou a fragilidade dos empregados, que eram desligados sem qualquer tipo de direito assegurado.
Isso movimentou sindicatos, que pressionaram governos e empresas por melhores condições de trabalho. A pressão deu certo e forçou empresas a terem pessoas dedicadas a assegurar que elas estavam respeitando as leis referentes a processos internos e a condições de saúde no trabalho – ou seja, deu relevância ao setor que cuidava de pessoas.
Em paralelo, áreas de estudo como Sociologia, Psicologia, Teorias Organizacionais e Administração fomentaram o conhecimento sobre gestão de grupo de pessoas. Essa produção de conhecimentos científicos influenciou o entendimento da relação entre empregado e trabalho. Isso, por sua vez, ajudou o DP a ter embasamento científico para melhor gerenciar trabalhadores.
Além disso, após duas Guerras Mundiais, conhecimentos militares referentes à gestão de soldados (seleção de candidatos, produtividade e fadiga, por exemplo) foram reaproveitados no setor industrial. Agora, funções como Recrutamento, Treinamento e Avaliação de Desempenho, que antigamente eram de supervisores de fábrica ou capatazes, passaram a ser do Departamento de Pessoal, já que esta área agora tem conhecimento técnico para fazer isso.
Tudo isso estruturou e padronizou conhecimentos. Com essa padronização, mais empresas aplicaram essas táticas em seus setores, o que remodelou o DP e deu origem à Administração de Recursos Humanos – o famoso RH.
Esta era é conhecida por muitos como RH 2.0, onde o foco é a melhoria da produtividade do funcionário. Aqui, o conceito de Recursos Humanos se estabelece como área que tem impacto direto nos funcionários e usa táticas para melhorar a vida destes. Por este motivo, o termo RH é o mais conhecido até hoje.
O nascimento de Gestão de Pessoas
A área de Recursos Humanos não parou de se adaptar e evoluir após a década de 90. Até então, o setor adquiriu um status mais independência dentro de empresas.
Porém, o departamento ainda era visto como um setor muito reativo, lidando apenas com problemas existentes e não se planejando e atuando de forma proativa dentro de uma empresa. Além disso, ainda faltava uma conexão com os objetivos empresariais e uma visão mais estratégica no departamento.
Isso começou a mudar por volta da década de 80, após uma série de estudos dentro da própria área e na de Administração. No mundo, metodologias como Balanced Scorecard, Matriz 9 Box e temas como Gestão por Competências e Gestão por Desempenho ajudaram a solucionar essas falhas que o departamento tinha até então. Já aqui no Brasil, escritores como Idalberto Chiavenato ajudaram a transformar a área através de suas pesquisas e livros, trazendo a produção científica do exterior para a realidade brasileira.
Por fim, o departamento começou a atuar com planejamento de pessoal. Isso permitiu que o RH pudesse aplicar de forma mais estratégica as táticas para atrair, manter e desenvolver funcionários – tudo isso, obviamente, alinhado com os objetivos empresariais.
Aqui então entramos no RH 3.0, onde o foco é ter um departamento mais estratégico dentro da empresa através do uso da tecnologia. Além disso, também vemos a mudança no termo que nomeia o setor para demarcar esta nova mentalidade. Essa nova nomenclatura visava traduzir a etapa mais estratégica do departamento, que agora almeja alcançar objetivos através da coordenação de funcionários – dando origem ao nome Gestão de Pessoas.
A mudança para Gente e Gestão
Avanço da internet, globalização, smartphones, redes sociais… tudo isso influenciou a mudança para a última etapa da evolução do RH. Isso porque, no século que vivemos, nos tornamos mais individualistas, conectados à informação e agentes transformadores da realidade ao nosso redor.
Essas características fizeram com que os departamentos de RH enfrentem um desafio quase que paradoxal: é preciso fazer com que os funcionários produzam com qualidade, rumando para o mesmo objetivo empresarial, mas ainda assim é necessário respeitar suas individualidades e ter ambiente de trabalho acolhedor, motivado e coeso.
Apesar de complexo, a nova etapa do RH se adequou bem. O setor conseguiu abraçar as diferenças entre os trabalhadores através de ações personalizadas, como cartão de benefícios flexíveis, trabalho remoto ou híbrido e ações de diversidade e inclusão. Porém, por meio de ações de cultura, eventos, comunicação e estratégias de endomarketing, eNPS e até People Analytics, o departamento também consegue motivar e garantir a união dos funcionários em prol de metas estratégicas da empresa.
Essa nova etapa também exigiu mudanças em nomenclaturas. Hoje, se rejeita a ideia de que o funcionário seja um recurso a ser gerido. Esse termo reforçaria a ideia de que trabalhadores são descartáveis. Por isso, para esta nova etapa, usasse “colaborador”, indicando assim que ele é parte fundamental e colaborativa da empresa. Além disso, o setor tem a necessidade de expor as duas frentes a qual atua – ou seja, com pessoas e suas individualidades, mas também com a parte administrativa e gerencial. Por este motivo, muitas empresas seguem o conceito de Gente e Gestão para nomear o setor que cuida de funcionários.
Estas mudanças resumem muito o RH 4.0, cujo foco é lidar com as diferenças entre os colaboradores e ao mesmo tempo fazer com que os objetivos sejam alcançados, tudo isso com muita participação da tecnologia nas rotinas do departamento.
Qual a diferença entre RH, DP, Gestão de Pessoas e Gente e Gestão?
Em resumo, exceto o Departamento Pessoal, que realmente tem funções distintas dos outros, os termos Recursos Humanos, Gestão de Pessoas e Gente e Gestão são nomenclaturas diferentes que representam visões diferentes para a mesma área.
O que é Recursos Humanos e o que ele faz?
Expressão mais popular, abrangente e genérico da área. Sua rotina envolve recrutamento e seleção de candidatos, treinamento, desenvolvimento, retenção de talentos, planos de carreira, avaliação de desempenho, entre outros.
O que é Gestão de Pessoas e o que ele faz?
Nome que, em tese, indicaria um setor mais estratégico, proativo e alinhado com os objetivos de uma empresa. Na prática, as funções são equivalentes às de Recursos Humanos.
O que é Gente e Gestão e o que ele faz?
Nova visão do termo “Recursos Humanos”. É uma nomenclatura que , teoricamente, abrange questões relativas à cultura, diversidade e inclusão, comunicação e desenvolvimento. Na prática, as ações também são similares às de Recursos Humanos, porém mais divididas (responsáveis por treinamento e desenvolvimento só cuidam disso, responsáveis por ações de cultura só cuidam desta parte, etc) .
O que é Departamento Pessoal e o que ele faz?
Área distinta do RH e que foca na solução de processos administrativos da empresa. Sua rotina engloba resolução de burocracias relacionadas aos colaboradores, como folha de pagamento, FGTS, documentos para admissão ou rescisão, entre outros.
Qual o melhor termo a se usar?
Como vimos na história do setor, cada expressão representa um certo recorte. Ou seja, uma visão única sobre o que o departamento deveria fazer dentro de uma empresa.
Começando pelo mais famoso, a nomenclatura “Recursos Humanos” é um termo guarda-chuva para designar a gestão dos colaboradores de uma empresa. Mesmo que também seja estratégico como o Gestão de Pessoas ou pratique ações relacionadas à cultura organizacional como o Gente e Gestão, por ser a expressão mais estabelecida e popular, é comum que muitas empresas optem por usar RH para nomear este departamento.
Para leigos, o “Departamento Pessoal” pode até ser sinônimo de RH, mas quem atua no setor sabe que esta nomenclatura denomina algo totalmente diferente. O DP tem rotinas operacionais bem singulares e que lembram muito as origens deste subdepartamento – que normalmente fica dentro do departamento de RH. Os funcionários desta área são os responsáveis por cuidar de folha de pagamento, legislação trabalhista, FGTS, férias, admissões e rescisões, etc. Ou seja, a parte mais burocrática e documental do “RH”.
Já os termos “Gestão de Pessoas” ou “Gente e Gestão” são termos mais modernos e comumente usados em empresas maiores ou startups. Normalmente, a ideia é mostrar já no nome do departamento que ele valoriza o pensamento estratégico, o planejamento e o cuidado com o colaborador. A intenção aqui também é se distanciar da expressão “Recurso” de “Recurso Humano”, já que passa a ideia de que o trabalhador é um insumo usável e descartável.
Por isso, escolher a nomenclatura do departamento depende muito do intuito da empresa quer passar ao nomear este setor.
Conclusão
Das expressões apresentadas, DP é o único que representa rotinas práticas e operacionais realmente diferentes dos outros 3 termos. Enquanto isso, Recursos Humanos, Gestão de Pessoas e Gente e Gestão são visões distintas para práticas similares.
Historicamente, “Departamento de Pessoal” surgiu primeiro e tinha como principais funções o pagamento de salários e impostos. Com a evolução científica e mudanças sociais, o setor absorveu novas técnicas e necessidades relativas à gestão de pessoas. Foi aí que nasceu o “Recursos Humanos”, termo mais conhecido de todos. Agora, o setor também também fazia recrutamento e seleção de candidatos, treinamento, desenvolvimento, retenção de talentos, planos de carreira, entre outras rotinas.
Após se estabelecer como área do conhecimento, mais pesquisas foram produzidas no campo da gestão de pessoas. Essas pesquisas, por sua vez, ajudaram a transformar o setor em um departamento mais estratégico, planejador e alinhado com as metas da empresa. Com isso, o RH passou a ser chamado de Gestão de Pessoas.
Por fim, a humanização do colaborador, o respeito à individualidade e a coesão de todos em prol de objetivos empresariais viraram pautas do novo momento deste campo do conhecimento. Para representar esta nova etapa, o setor foi renomeado novamente, agora para Gente e Gestão.
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